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"Aceitar-me plenamente? É uma violentação de minha vida. Cada mudança, cada projeto novo causa espanto: meu coração está espantado. É por isso que toda minha palavra tem um coração onde circula sangue" (Um sopro de vida - Clarice Lispector)

sexta-feira, 11 de março de 2011



Ser sensível nesse mundo requer muita coragem. 
Muita. Todo dia.
Esse jeito de ouvir além dos olhos, de ver além dos ouvidos,
de sentir a textura do sentimento alheio tão clara no 
próprio coração
e tantas vezes até doer ou sorrir junto com toda sinceridade.
Essa sensação, de vez em quando, de ser estrangeiro e
não saber falar o idioma local,
de ser meio ET, uma espécie de sobrevivente de uma 
civilização extinta.
Essa intensidade toda em tempo de ternura minguada.
Esse amor tão vívido em terra em que a maioria
parece se assustar mais com o afeto do que com a indelicadeza.
Esse cuidado espontâneo com os outros.
Essa vontade tão pura de que ninguém sofra por nada.
Esse melindre de ferir por saber, com nitidez, 
como dói ser ferido.
Ser sensível nesse mundo requer muita coragem.
Muita. Todo dia.
Essa saudade que faz a alma marejar,
de um lugar que não se sabe onde é, mas que existe,
claro que existe.
Essa possibilidade de se experimentar a dor, 
quando a dor chega, com a mesma verdade
que se experimenta a alegria.
Essa incapacidade de não se admirar com o grandioso
que também mora na sutileza.
Essa vontade de espalhar sorrisos por aí,
porque os sensíveis, por mais que chorem de vez em quando
não deixam adormecer a idéia de um mundo
que possa acordar sorrindo
Pra toda gente. Pra todo ser. Pra toda vida.

Ana Jacomo -

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