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"Aceitar-me plenamente? É uma violentação de minha vida. Cada mudança, cada projeto novo causa espanto: meu coração está espantado. É por isso que toda minha palavra tem um coração onde circula sangue" (Um sopro de vida - Clarice Lispector)

quarta-feira, 1 de junho de 2011


Tem dias, vezes, épocas, em que a gente vira criança de novo.
Em que tudo que se quer é cair e ter alguém do ladinho pra dar a mão, pra dar um beijinho e dizer “pronto, já passou”. E lá vai a criança feliz voltar a correr, num ciclo sem fim de tombos, carinhos e cuidados que restabelecem.
A gente por vezes se sente tão só que tem necessidade que alguém diga: “ei, olha aqui, estou prestando atenção em ti. Eu sinto teus sofrimentos e estou contigo pra fazê-los passar”. Sentimento de criança não é? Necessidade de alguém. De segurança.
Mas quando somos pequenos, mesmo já sabendo caminhar, tem sempre uma mão do ladinho. Como que a gente faz quando cresce e a mão some? Ou quando a mão que deveria estar ali ao lado está longe, bem longe, e cada vez mais distante? Não apenas em quilômetros, mas em presença?
Vejo seguidamente uma bebê linda dizer pra sua mãezinha amada: “abaço mamãe, abaço”. E me pergunto quantas vezes não quis dizer para algumas pessoas “por favor, só um abraço”.
Ele ajuda muito. Ao menos pra mim.
Quando se está longe o abraço não pode chegar, mas o carinho chega, as palavras e principalmente a presença. É interessante como pessoas de longe se importam, se preocupam, ou percebem as vezes muito mais do que alguns que estão perto.
Confuso tudo isso né?
Complicado ter q bater no peito e dizer “tenho 26 anos, sou uma mulher que trabalha, vive sua vida e tem domínio dela”, se as vezes a realidade emocional não condiz com isso. A necessidade, a independência que deveria ter, não se tem.
É errado?  
Você acha errado?
E quem tem propriedade para julgar?
Quem conhece a fundo os sentimentos, as rejeições, as limitações, as frustrações, as alegrias, esperanças e expectativas?
Por vezes nem a gente sabe mais o que é. O que quer. O que sonha.
Olhos no futuro, coração no passado, e presente vazio.
Escolhas incertas, caminhos errados.
E um desejo sem tamanho que ainda hoje fosse possível curar dores com apenas um carinho, um beijinho e um “pronto, já passou, não dói mais. É hora de brincar”
Hoje a vida é que brinca com a gente.
Sem mais.

2 comentários:

Sam. disse...

Dé... saudadeeeeeeeeee!!

e que lindo esse texto, menina!!
por mais adultos e independentes que possamos ser, sempre precisamos de uma carinho, de um colinho...antes de adultos, somos carentes, e isso situação e idade nenhuma nos tira!

Um beijo, mocinha querida!

*Jéssica Marques* disse...

Que lindo querida Dé!
esse seu texto me tocou!
sabe??acho que isso é do ser humano mesmo, sempre tem um momento em nossa vida em que precisamos de alguém ao lado que nos diga que aquilo que estamos sentindo vai passar.
Eu sou muito assim...
e isso nada tem a ver com idade, precisamos uns dos outros para que sejamos completos, para que nossa dor se torne pequenina e suportável, só isso!
Acho linda a forma como expõe teus sentimentos!
Um beijo querida!